Eu sempre me orgulhei de construir castelos de cartas. Dos melhores, maiores e mais sólidos possíveis. Duravam dias, meses, anos, parados e perfeitos, completamente intocáveis. Alguns tentavam derrubá-los, mas eu não deixava. Eles eram um orgulho para mim, quase que uma forma de provar a minha competência. Ver um castelo de cartas se desfazer seria o fim de algo que eu sempre prezei: minha capacidade de defesa.
Pois bem. Daí que um dia eu não estava olhando direito e veio um curioso infeliz e resolveu retirar uma carta do castelo. Um Ás de Ouros mal-posicionado. O que aconteceu? Adivinhem. Um doce para quem acertar. O castelo caiu completamente. Eu tentei, de todas as formas, reconstruí-lo, mas era em vão. Eu não teria mais aquele castelo, nem que eu quisesse. Agora, não passavam de ruínas.
O tempo passou. Mas eu não consegui reconstruir o castelo. Toda vez que eu tentei colocar as cartas no lugar, empilhá-las daquele jeito tão comum para mim, alguém passava e arranjava um jeito de derrubá-lo. Perdi meu castelo. E, de quebra, ainda ganhei uma pergunta: será que um dia eu vou conseguir reconstruí-lo? Mais importante, será que vale a pena reconstruí-lo? Mais importante ainda, será que um dia eu vou conseguir não ligar para o fato que as cartas estão completamente espalhadas no chão, bagunçadas e caóticas?
Resta a dúvida, Brasil.
The New PostSecret Book
Há 10 anos
4 comentários:
Só penso em palavrões nesse momento. Resta a dúvida, Brasil.
"será que vale a pena reconstruí-lo" essa é a pergunta que não quer calar.
Me identifiquei tanto com o texto! :-)
Reconstroi não
C'est la vie, mon cher...
Nem liga pro caos... mais difícil do que conviver com a ordem é olhar pra desordem e tirar algum proveito disso. Nem que seja uns palavrões novos ou empoeirados hehehehe como os que a Bárbara pensou. Daí um dia, sem perceber, você desbanca no Guinness o Castelo de Praga e joga uma praga em quem chegar perto.
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