quinta-feira, 23 de abril de 2009

meu castelo.

Eu sempre me orgulhei de construir castelos de cartas. Dos melhores, maiores e mais sólidos possíveis. Duravam dias, meses, anos, parados e perfeitos, completamente intocáveis. Alguns tentavam derrubá-los, mas eu não deixava. Eles eram um orgulho para mim, quase que uma forma de provar a minha competência. Ver um castelo de cartas se desfazer seria o fim de algo que eu sempre prezei: minha capacidade de defesa.



Pois bem. Daí que um dia eu não estava olhando direito e veio um curioso infeliz e resolveu retirar uma carta do castelo. Um Ás de Ouros mal-posicionado. O que aconteceu? Adivinhem. Um doce para quem acertar. O castelo caiu completamente. Eu tentei, de todas as formas, reconstruí-lo, mas era em vão. Eu não teria mais aquele castelo, nem que eu quisesse. Agora, não passavam de ruínas.

O tempo passou. Mas eu não consegui reconstruir o castelo. Toda vez que eu tentei colocar as cartas no lugar, empilhá-las daquele jeito tão comum para mim, alguém passava e arranjava um jeito de derrubá-lo. Perdi meu castelo. E, de quebra, ainda ganhei uma pergunta: será que um dia eu vou conseguir reconstruí-lo? Mais importante, será que vale a pena reconstruí-lo? Mais importante ainda, será que um dia eu vou conseguir não ligar para o fato que as cartas estão completamente espalhadas no chão, bagunçadas e caóticas?

Resta a dúvida, Brasil.

4 comentários:

Bárbara disse...

Só penso em palavrões nesse momento. Resta a dúvida, Brasil.

Jongleuse disse...

"será que vale a pena reconstruí-lo" essa é a pergunta que não quer calar.

Me identifiquei tanto com o texto! :-)

Reconstroi não

Pedro Torres disse...

C'est la vie, mon cher...

Expressivas Impressões disse...

Nem liga pro caos... mais difícil do que conviver com a ordem é olhar pra desordem e tirar algum proveito disso. Nem que seja uns palavrões novos ou empoeirados hehehehe como os que a Bárbara pensou. Daí um dia, sem perceber, você desbanca no Guinness o Castelo de Praga e joga uma praga em quem chegar perto.